terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Racismo no Brasil


O racismo praticado no Brasil não precisou de instrumentos legais para exclusão dos afro-descendentes: ele instituiu um processo que beneficia “naturalmente” os brancos, colocando-os como donos das riquezas e das cadeiras das universidades. A afirmação é do secretário de Promoção da Igualdade da Bahia, Luiz Alberto Silva dos Santos, que proferiu a Aula Magna, nesta segunda-feira (29), na abertura do semestre 2007.1 da Universidade Estadual de Feira de Santana.

O secretário possui vida pública voltada a movimentos sindicais e sociais, de igualdade em gênero, raça e etnia, com representação em entidades de classes e associações. Ele classificou o racismo praticado no Brasil como “o mais cruel do planeta”.

Com o anfiteatro lotado por representantes das comunidades interna e externa, Luiz Alberto dos Santos fez referências às lutas travadas por entidades ligadas a movimentos negros de todo o país para a concretização das políticas afirmativas. Como deputado federal pelo PT-BA, cargo do qual está licenciado para exercer o comando de secretaria de governo, Luiz Alberto afirma ter enfrentado “intensas e incisivas” resistências de grupos que, mesmo minoritários, “detêm o poder econômico, inclusive com forte influência na imprensa”.

Neste embate, afirma, “os detentores do poder utilizam de manobras semelhantes às praticadas por ocasião da libertação dos escravos, no fim do século XIX, que excluíram os negros da sociedade”. O secretário fez menção a divulgações, através da imprensa, contrárias às políticas afirmativas, “nas quais foram colocadas, estrategicamente, a opinião de pessoas negras contrárias a estas políticas, numa tentativa de influenciar, subliminarmente, a opinião pública”.

Luiz Alberto dos Santos citou, ainda, ações praticadas pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que congrega reitores de 58 universidades federais. “Quando deputado, chegaram a impedir que participássemos de audiência junto a representações do Governo Federal para tratar de assuntos referentes às políticas afirmativas, em especial ao sistema de cotas”, contou.


Pedro Eduardo e Nelson Alves

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