terça-feira, 17 de março de 2009

Trotes Militares


Militares de uma unidade do Exército Brasileiro foram filmados quando submetiam colegas recém-formados a sessões de humilhação e tortura, como queimaduras com ferro de passar, promovidas a pretexto de trote por veteranos.
As imagens foram exibidas neste domingo no programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão. As dezenas de imagens de cenas de violência foram feitas no 20º Batalhão de Infantaria Blindado, em Curitiba, no Paraná, e parecem rotina.
O Exército reconheceu em nota oficial "a existência de imagens verídicas" envolvendo integrantes da Força no quartel e informou que foi aberta sindicância para "apurar os fatos e punir os responsáveis".
Os trotes aplicados nos chamados "lobinhos", terceiros-sargentos recém-formados, incluem aplicação de ferro de passar roupa quente na orelha de uma das vítimas. As imagens mostram que, durante a sessão de tortura, outros militares riem. Há também simulações de afogamento acompanhadas por veteranos, que soltam aparentes gritos de prazer, enquanto esperam o novo colega gritar "socorro" - parte do ritual.
As cenas foram registradas por vídeo amador na Segunda Companhia de Fuzileiros, conhecida como "Pantera", uma das unidades que compõem o 20º Batalhão, onde os trotes violentos são, segundo o programa televisivo, uma tradição.
O Fantástico mostrou imagens do sargento Murilo, um "lobinho", imobilizado pelo pescoço e, em seguida, amarrado no chão do dormitório enquanto era torturado com o ferro quente. Em seguida, um militar lhe deu um choque na barriga, usando uma tomada elétrica. A sessão foi acompanhada por um militar sem camisa, com o rosto escondido por uma touca preta, identificado como Medeiros, um dos mais atuantes no trote. Foi ele quem segurou o sargento Murilo, enquanto ele se esforçava para gritar "Socorro, Pires!", uma espécie de exigência para que a sessão tenha fim. Após o grito, Murilo foi abandonado, com uma cueca na cabeça, sob o chuveiro.
Em seguida um outro sargento, chamado Pacheco, apareceu submetido ao trote e ao terror psicológico da ameaça com um ferro de passar sobre a sua cabeça. Ele também sofreu uma sessão de afogamento, comandada pelo militar Medeiros. Outros três sargentos recém-formados também aparecem nos vídeos sendo submetidos aos trotes.
Na reportagem exibida no Fantástico, o coronel Carlos Alberto Barcellos, do Centro de Comunicação Social do Exército, afirmou que "a posição do Exército é que qualquer agressão física e ou moral em qualquer tipo de atividade, inclusive na instituição militar, é totalmente inaceitável".

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